segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Iê-iê-iê Tupiniquim

Um caminho para o rock!




Na longínqua década de sessenta (1960-1969) deu-se início, no Brasil, à base do que viria a se tornar o que hoje conhecemos como Rock Brasileiro. Para muitos, assim como eu, dois são os alicerces fundamentais do BRock: Roberto Carlos e Os Mutantes.

Roberto, iniciou sua carreira como promessa da bossa nova(!?), claro que isso não deu em nada! Seu primeiro LP não alçou vôo algum, e também virou peça de colecionador fanático (se tiver um pra vender por um preço baratinho eu compro!!!)! No entanto, os discos que vieram após este breve período formataram a base do que seria o rock nacional!

Na década de sessenta o “Rei” lançou oito LPs sendo eles:

Roberto Carlos – 1963;
É Proibido Fumar – 1964;
Roberto Carlos Canta Para a Juventude – 1965;
Jovem Guarda – 1965;
Roberto Carlos – 1966;
Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura – 1967;
O Inimitável – 1968;
Roberto Carlos – 1969.

Esses oito LPs juntos podem ser considerados, alguns mais outros menos, a base, necessária, para a construção do Rock em nossa terrinha verde-amarela. Nada contra os Beatles ou Elvis, bem pelo contrário, mas, na época, era de extrema necessidade, para se sacramentar o Rock na terra descoberta por Cabral, que tivéssemos nossa versão tupiniquim do que se estava vivendo além das fronteiras de nosso gigante adormecido em berço esplendido, e ela veio em grande estilo!

Nesse sentido convêm frisar que toda a frieza e sisudez do Rock Britânico não combinam em nada com as praias e o sol escaldante de um país tropical de proporções continentais como o Brasil, exceto, talvez, para os egressos da Região Sul (Rio Grande do Sul – Santa Catrina – Paraná), por isso a necessidade de uma versão mais, digamos, acalorada para a correta assimilação, por parte do grande público, da proposta musical iniciada além mar.

É claro que Roberto seguiu caminho diferente do que lhe consagrou em seu período áureo da Jovem Guarda, mas como ele mesmo sacramentou no disco Roberto Carlos – 1971 “Vou mudar meu rumo/se alguém me seguir/verá que eu não minto/não pretendo esperar/vou mudar meu rumo” (Eu Só Tenho Um Caminho), logo, não há que se questionar quanto a isso mas, sim, ressaltar o que nos interessa neste momento!

Praticamente tudo necessita de um ponto de partida como forma de referência. Muito se discute sobre quem é o rei de que. No entanto para se ter majestade é extremamente imprescindível que tenhamos súditos! O reconhecimento do rock, e a transformação do mesmo como produto de consumo, por parte do público brasileiro, só veio após o surgimento deste rapaz de nome Roberto Carlos.

Verdade seja dita, quando se fala em Roberto, muitas vezes se comete o deslize de esquecer outra peça fundamental no complexo quebra-cabeça musical brasileiro: Erasmo Carlos. Da parceria havida entre ambos, acabou por se dar origem a inúmeras pérolas não só do Rock Brasileiro. Ao que parece, Erasmo ainda não abandonou seu posto de roqueiro sessentão, mas o tempo tratou de atribuir-lhe, injustamente, um caráter secundário frente à Majestade de Roberto.

O protótipo do rock tupiniquim foi alavancado com a carreira ascendente do Rei Roberto e hoje não é difícil ver bandas do mais alto calibre (Titãs, Jota Quest, Wander Wildner, Ligante Anfetamínico (!?) (brincadeiras a parte) ...) beberem na fonte dos anos de ouro, os quais considero também a década de 70, de nossa Majestade.

Por isso vai à dica, se você é realmente um entusiasta do Rock feito no Brasil, trate de desfazer essa cara amarrada, deixar de lado o preconceito e correr para a loja de Cds mais próxima para comprar alguns discos de Roberto Carlos, principalmente da década de 60! Se for tão louco quanto eu, pode adquirir as duas caixas dos anos 60 e 70 da coleção Roberto Carlos Para Sempre de olhos fechados!

Asseguro que a diversão será garantida, e você irá descobrir que rock também pode ser extremamente ingênuo e divertido!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Calendário Da ABRAFIN 2008

Quando criei este blog, foi única e exclusivamente com o intuito de escrever sobre o que mais gosto, ou seja, música. Mas claro, não somente a música em si, mas todos os ramos de atividade envolvidos ao redor dela!

Tem um tema que eu acho muito importante nos dias de hoje, e já escrevi sobre isso no meu último post, que são os festivais independentes. A cada dia que passa os festivais independentes vem tomando organização tamanha que hoje, praticamente, são eles quem ditam as novas regras da música moderna! As novas tendências passam primeiro pelos festivais independentes para depois caírem no conhecimento do grande público.

O que me choca é que o Rio Grande do Sul, não possui nem um festiva independente de renome ainda! Como gaúcho, sei que nos vangloriamos por sermos um estado, digamos, “roqueiro”! Rótulos a parte, a diversidade musical existente em nosso estado faz com que se justifique e seja necessário a criação de um festival, com identidade própria e que possa vir a se tornar referência como tantos outros espalhados pelo Brasil.

Feita essa pequena ressalva, minha verdadeira intenção é divulgar, neste espaço, o Calendário 2008 da ABRAFIN. Para quem não sabe, a ABRAFIN – Associação Brasileira dos Festivais Independentes, divulga todo ano o calendário oficial dos festivais a serem realizados no Brasil e que, como tal, são filiados a ela.

Pelo que se percebe, tudo muito organizado! O calendário para 2008 já saiu! E como se pode constatar não existe nem um festival filiado no Rio Grande do Sul. No entanto, se você está pensando que estes festivais são pequenos e estão apenas em busca de espaço, vai se espantar ao ver inscritos junto a ABRAFIN festivais como: MADA, Abril Pro Rock, Porão do Rock, Goiânia Noise, Semana SenhorF, Bananada, entre outros.

Com relação ao calendário, apenas uma ressalva se faz necessário: Vai ser realizado em Porto Alegre, uma das etapas do “Grito Rock 2008”, este festival ocorre nas principais capitais brasileiras, simultaneamente com o carnaval, no entanto, não foi idealizado aqui no RS, a idéia foi “comprada” por uma equipe que vem trabalhando sério para que esta etapa de certo! E creio que dará!

Fica aqui a idéia de que seja criado um festival independente em nosso estado, com a cara do povo gaúcho, para que possamos fazer parte deste circuito que só tende a atrair investidores e cultura para nossas cidades!

Abaixo segue o calendário da ABRAFIN:

04 A 31 Janeiro - Humaitá Pra Peixe (Rio de Janeiro / RJ)

26 Janeiro a 08 Fevereiro - Grito Rock (50 Cidades Entre Elas Porto Alegre)

02 a 04 Fevereiro - Psycho Carnival (Curitiba / PR)

02 a 05 Fevereiro - Recbeat (Recife/ PE)

14 e 15 Março - Rock Feminino (Rio Claro / SP)

14 e 15 Março – Tendencies Rock Festival (Palmas / TO)

19 a 22 Março - 1° Campeonato Mineiro De Surf (Belo Horizonte / MG)

11 a 13 Abril - Abril Pro Rock (Recife / PE)

09 e 10 Maio – Pmw Rock Festival (Palmas / TO)

15 a 18 Maio - Eletronika (Belo Horizonte / MG)

16 a 18 Maio - Casarão (Porto Velho / RO)

23 a 25 Maio - Bananada (Goiânia / GO)

30 e 31 Maio - Porão Do Rock (Brasília / DF)

1ª Semana Junho - Porto Musical (A Definir)

11 a 13 Julho - Boombahia (Salvador / BA)

11 e 12 Julho - Ponto Ce (Fortaleza / CE)

11 a 13 Julho - Festival Do Sol (Natal / RN)

4ª Semana Julho - Semus (Cuiabá / MT)

15 a 17 Agosto - Festival Calango (Cuiabá / MT)

13 a 16 Agosto - Feira Da Música (Fortaleza / CE)

22 e 23 Agosto - Consciência Hip Hop (Cuiabá / MT)

05 e 06 Setembro - Vaca Amarela (GO)

2ª Semana De Setembro - Mimo (Olinda / PE)

12 a 14 Setembro - Jambolada (Uberlândia / MG)

4ª Semana Setembro - Mada (Natal / RN)

4ª Semana Setembro - Varadouro (Rio Branco / AC)

18 e 19 Outubro - Demo Sul ( Londrina / PR)

4ª Semana Novembro - Goiânia Noise (Goiânia / GO)

4ª Semana Novembro - Senhor F (Brasília / DF)

2ª Semana Dezembro - Festival Evidente (Rio de Janeiro / RJ)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Que Voltem Os Festivais!!!

Os grandes festivais musicais sempre foram o trampolim para que novos artistas pudessem alçar vôos, e, assim, tornar-se conhecidos do grande público. Podemos citar vários festivais que rondam nossa memória, dentre eles: os festivais da Record (Mutantes, Caetano, Gil), os atuais, Abril Pro Rock (Raimundos), Bananada, Porão do Rock, dentro outros tantos. O Rio Grande do Sul, por infelicidade do destino, não possui, ainda, um grande festival de música independente, (tendência mundial das grandes metrópoles intelectualmente avançadas), no entanto houve, por um breve período, na história de Caxias do Sul, o que poderia ter vindo a se tornado verdadeira lenda e referência nacional, um festiva referência de nome Canta Park.

Na história dos Canta Parks sucesso de público e crítica não faltaram. Por várias e inúmeras vezes os Pavilhões da Festa Nacional da Uva se encontraram lotados, abalroados de adolescentes a procura de diversão, conscientização, liberdade de expressão, e vontade de amar. Vontades estas que poderíamos chamar de verdadeiros direitos do ser humano. No entanto, com o tempo, perdidos entre a burocracia dos gabinetes.

Muito embora sejam referência mundial, os festivais de musica independente, em sua grande maioria regidos pelo rock, não alçaram vôo suficiente em nossa região para que pudessem conscientizar os intelectuais de plantão de sua real importância.

A produção artística e cultura é a alavanca inicial de uma sociedade livre e digna. A cultura não pode, e não deve, ser deixada de lado, tão pouco se pode diminuir a importância de eventos que propiciam o encontro de mais de dez mil jovens.

O festival em si pode ser visto como uma espécie de árvore. Dela, provavelmente, em estado natural, teremos apenas o crescimento de uma possível outra árvore, no entanto seus frutos e folhas alimentarão e adubarão um verdadeiro ecossistema vivo e produtivo. É exatamente assim que devemos ver os festivais, como fomentadores de cultura. Dele, talvez, surja uma grande banda ou artista, no entanto ele alimentara uma cena produtiva e viva que irá gerar frutos menores, mas de grande importância para o arejamento e a produção musical nacional.

Infelizmente, dada a orientação da Secretaria de Cultura de Caxias do Sul, tratando o Rock e suas vertentes como estilos que não merecem um olhar carinhoso e atento, só nos cabe lamentar. Lamentar pelo desconhecimento de causa, desconhecimento histórico, e verdadeiro descaso com parte da classe artística Caxiense que deveria estar sob o abrigo e proteção da mesma.

Desconhecimento histórico ao esquecer-se de que sobre rifs de guitarra e batidas de bateria, cantava-se como verdadeiro hino das diretas já, neste mesmo país que hoje habitamos, "Inútil" da banda Ultraje a Rigor (de rock!!!), com o apoio do ilustre e saudoso Ulisses Guimarães. Desconhecimento histórico de que as maiores revoluções sociais, culturais e sexuais, que vieram a modificar e formatar a atual sociedade moderna saíram de um mega festival chamado Woodstok, de onde os dizeres de amor, contra a guerra e contra a violência ecoam até hoje nos corações da humanidade.

Mas voltemos ao nosso festival, até então local, Canta Park. Travou-se, e continua se travando em Caxias do Sul, uma eterna batalha por espaços artísticos. Não é de hoje que a prefeitura, infelizmente, vem os fechado, e que a Secretaria de Cultura tem se mostrado apenas como um órgão meramente burocrático e nada participativo.

O Canta Park foi o grande incentivador da produção musical, juntando, muita vezes, o erudito com rock moderno, a MPB com o Punk Rock, a diversão com o espaço! Atitudes assim, como vimos, podem virar referência nacional! E trazer os holofotes para iluminar Caxias do Sul. O rock não é maldito! É um senhor de 65 anos que ainda pede passagem, muito embora já tenha provado seu valor.

É necessário que a secretaria de cultura deixe a birra de lado, e passe a fazer a sua parte, correspondendo com as expectativa da classe artística caxiense, pois, em última análise, é justamente para ela que deve trabalhar. Fechar teatros, não é a solução, criar espaços é o caminho, pois se vieram para manter o que é bom e mudar o que está errado, parece que estão agindo exatamente ao contrário, acabando com o que era ótimo, e continuando com a política que, infelizmente, não servia.

O medo que me atinge, e acredito que a todos os músicos e compositores que habitam Caxias do Sul, é que a estrada que foi criada com sangue, suor e vontade se feche cada vez mais. Por isso é necessário que a prefeitura de Caxias do Sul, através da Secretaria de Cultura assuma a sua função, lute por verbas, por espaço, e por vontade de trabalhar, deixe de ser um órgão meramente burocrático e passe a ser efetivamente atuante no sentido de reativar o Canta Park, ou o nome que queira dar, e, assim, criae o espaço necessário para que o artista caxiense atinja o seu público, para que a cena musical fomente, e para que Caxias se torne referência nacional na borbulhante cena musical independente que tem revelado grandes nomes ao cenário brasileiro e internacional