segunda-feira, 24 de março de 2008

FundoProCultura

Uma idéia a ser copiada!


Para escrever sobre o FundoProCultura (assim mesmo que se escreve) me vi obrigado (no bom sentido) a uma imersão na produção recente de música em minha cidade! Sim, música! Afinal este blog é sobre isso!

Recentemente me deparei com uma discussão sobre a cena de Caxias do Sul, a cena musical, e vi que talvez poucos realmente conheçam o que se produz aqui! E, talvez, por isso, não dêem o devido valor a uma ferramenta que tem se mostrado de grande utilidade no que gosto de chamar de “arejamento artístico”, já explico.

É necessário, para que haja uma forte cena musical, pelo menos no meu entendimento, que seja fomentado a criação autoral local, e não só isso, mas também que seja propciado ao artista a possibilidade de lançar seu material para que o grande público tenha acesso, e esta segunda parte, em especial, está sendo alcançado mediante o patrocínio do FundoProCultura!

Claro, nem tudo são mil maravilhas na Capital da Cultura 2008, mas o que está certo merece ser aplaudido. Caxias do Sul vive um fervilhamento cultural, dá para sentir no ar, nas esquinas, nos bares, em nossas vidas. No entanto, como surgem trabalhos ótimos e de grande retorno a sociedade também surgem trabalhos péssimos, basta saber separar.

Com relação aos péssimos, basta constatar que, com o advento do FundoProCultura surgiram, infelizmente, uma gama de “músicos” de plantão que apenas inscrevem seus trabalhos para serem contemplados sem, se quer, ter a postura do artista autoral, ou ainda, sem viver sua arte! O artista precisa vivenciar sua arte para ser sincero com seu público! Mas acredito, e tenho fé, que estes sejam uma pequena minoria, e seus trabalhos, como de regra, cairão no esquecimento das prateleiras empoeiradas.

A grande e esmagadora maioria são de pessoas que criam, se esforçam e, principalmente procuram seu espaço junto ao grande público, influenciado, de forma direta, os caminhos que seguirão os artistas que estão a se formar!

Esse fato, somado ao espaço (um pouco escasso ainda) gera cena! E estes espaço é a fagulha que falta para Caxias do Sul entrar de vez no mapa das cidades culturalmente desenvolvidas! Talvez seja esse o próximo passo de nossos governantes! Levar a arte patrocinada pelo povo para o povo!

Não podemos esperar apenas que o trabalho financiado gere frutos por si só, mas temos que dar um passo a frente e criar o espaço e a estrutura para que o artista mostre esse trabalho a quem lhe propiciou concretizá-lo, ou seja, a população!

Pois bem, fica aqui a idéia lançada: Que a secretaria de cultura viabilize, nos espaços públicos que comportam grandes multidões (exemplo: Parque Getúlio Vargas ou até mesmo o Pórtico dos Pavilhões da Festa da Uva), somado a uma outra grande conquista de nossa cidade que é o passe livre (de ônibus) no último domingo do mês, um palco permanente onde possam, mensalmente, serem realizados shows por aqueles que foram contemplados pelo erário público e que, com certeza, se orgulham da benesse que receberam e que muito devem a quem lhes concedeu: o povo caxiense.

Aproveitando a oportunidade, vou deixar quatro vídeo-clipes lançados apartir do financiamento do FundoProCultura, em diferentes datas (estão na ordem cronológica) e que asseguram o acerto de verdadeiro pioneirismo junto ao meio artístico no que tange ao financiamento por parte do Poder Público da arte produzida nos confins de sua competência municipal.







quarta-feira, 12 de março de 2008

Titãs

O Dinossauro Verde-Amarelo


Andei sumido! Muito sumido! Mas tenho um bom motivo! Estava trabalhando muito no lançamento do clipe de Andróides Sonham Com Guitarras Elétricas, música que está no primeiro CD da Ligante Anfetamínico, que por sua vez é a banda que toco guitarra, mas resolvi dar uma passada por aqui e escrever sobre uma das bandas nacionais que mais tenho admiração e respeito!

Como de costume vamos primeiro a minha história com a banda: um belo dia, após fazer um curso de Direito Ambiental no Rio de Janeiro, já dentro do avião que me traria de volta ao Rio Grande do Sul, sentado em uma das poltronas da classe popular no corredor, com meus óculos de lentes vermelhas, os quais sinto muita falta por ter quebrado, me deparei com a figura de Charles Gavin, pra quem não sabe, baterista do Titãs desde o segundo disco da banda.

Bom, o fato de ter me deparado com ele passando pelo corredor dentro de um avião que vinha para o sul em época de Planeta Atlântida não era nada mais do que natural (!?), no entanto, o que de fato me surpreendeu é que ao ver minha cara de chocado com o encontro inesperado Charles Gavin me olhou, passou pela minha poltrona, e em um impulso inexplicável (pelo menos para mim!) retornou para me cumprimentar!

Lógico que naquele momento só pude esboçar um: “opa, beleza?!” e nada mais! O avião decolou deixando para trás meu momento de perplexidade fazendo com que aquela viajem me remetesse a uma divagação profunda sobre os Titãs. Isso já faz muitos anos, mas naquele momento percebi porque os Titãs conseguiram, ao contrário da maioria das bandas dos anos 80, se manter na ativa por tanto tempo e sempre ocupando o topo: Carisma!

Muito embora, durante esses longos anos de existência a banda tenha trocado ou perdido integrantes - tanto por opção de saída quanto por forma trágica - a essência parece ter permanecido nas entranhas da entidade jurássica deste verdadeiro dinossauro do rock brasileiro.

Na carreira da banda foram lançados (até o momento) dezessete discos sendo duas coletâneas, dois ao vivos, dois acústicos (ou ao vivo ou em estúdio), um disco de versões e dez discos de inéditas, como já é de praxe neste blog aqui vai a lista:

Titãs (1984)
Televisão (1985)
Cabeça Dinossauro (1986)
Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987)
Go Back (Ao Vivo) (1988)
O Blésq Blom (1989)
Tudo Ao Mesmo Tempo Agora (1991)
Titanomaquia (1993)
Titãs 84-94 - 1 (Coletânea) (1994)
Titãs 84-94 - 2 (Coletânea) (1994)
Domingo (1995)
Acústico MTV (1997)
Volume Dois (1998)
As Dez Mais (1999)
A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana (2001)
Como Estão Vocês? (2003)
Titãs - MTV ao Vivo (2005)

De 1984 à 1997 não há, na carreira da banda, um disco ruim! Isso mesmo! São pérolas para todo entusiasta da boa música. É Surpreendente a qualidade e a criatividade, mas principalmente a evolução da banda no período compreendido por estes 13 anos que se iniciam com o disco de estréia e vão até o acústico MTV de maior sucesso de todos os tempos (em se tratando de terras tupiniquins!).

Confesso que tenho um sério problema com dois discos da banda “Volume Dois” (1998) e “As Dez Mais” (1999), acredito que não só eu, mas uma boa parte do público que é fã dos Titãs não gosta muito destes dois discos, e creio que, nesta época, achou, assim como eu (Aff!), que a banda talvez estivesse em linha descendente. Veja que escrevi o verbo achar no passado, o que indica um erro de julgamento grave!

O que aconteceu para isso ter mudado?

Respondo: Nos anos seguintes vieram “A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana” (2001) e “Como Estão Vocês?” (2003), culminando em um dos discos Ao Vivo mais bem gravados da história recente da música brasileira: “Titãs – MTV ao Vivo” (2005).

Esses últimos três discos serviram (graças a Deus!!!) para calar a boca (inclusive a minha!!!) de quem achava e falava que a banda estaria em uma carreira descendente! Com estes três trabalhos os Titãs acabaram provando que com mais de vinte anos de estrada ainda são capazes de emocionar e cativar gerações e gerações de admiradores, inovando e trazendo sempre em suas obras verdadeiras peças de colecionador e pérolas em formato de música capaz de tocar a sua e a minha vida!

A melhor notícia fica para o final: é possível adquirir praticamente toda a coleção dos Titãs em CD! Alguns são mais difíceis de achar, mas nada que uma batalha diária as lojas especializadas, ou até mesmo uma busca pela internet, não possa resolver!

Portanto, se você estiver afim de boa música, ou se quer apenas aprofundar seus conhecimentos na história desta banda que vem fazendo rock de primeira em solo pátrio, a dica é começar pelas coletâneas (caso você não conheça muito sobre Titãs) e depois que seus ouvidos estiverem prontos passe imediatamente para os discos de carreira, tente comprar na ordem para que assim você possa se surpreender com a versatilidade e genialidade que foram à tônica na carreira desta que é a maior banda de rock nacional, bem como, sinta a evolução natural das composições e temáticas abordadas!



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A Era Dos Festivais

Uma Parábola

Confesso! Andei sumido! Mas antes de mais nada explico: em função do excesso de trabalho somado ao desespero para encerrar as músicas que fazem parte do segundo CD da minha banda e aprontar tudo para finalizar o projeto de financiamento, o blog teve que ser deixado de lado.

Por este desleixo pensei que deveria indicar alguma coisa de valor super relevante na formação musical de quem aqui adentra em busca de conhecimento (fala sério!). Na semana retrasada terminei de ler o livro A Era Dos Festivais de Zuza Homem de Mello, publicado pela editora 34. Vamos combinar que com esse nome o cara merece respeito, no mínimo!

No início da década de sessenta até o início da década de setenta o Brasil viveu um momento de verdadeiro fervilhamento (será que inventei uma palavra ou meu word não conhece mesmo?) cultura. Esse período foi conhecido como a “era dos festivais”. Explicando: nesta época as proeminentes emissoras de TV (que passaria a mudar seu papel na sociedade) descobriram um viés lucrativo e eficaz na já instaurada guerra por audiência!

Veja bem, essa guerra por audiência não era a nível nacional como é hoje! Digamos que seria uma guerrinha por audiência local! (estamos na década de sessenta!) Voltando, através de um idealizador (você vai ter que ler o livro!) se trouxe para o Brasil o formato dos festivais de música, os quais prometiam revelar novos talentos músicas, e esse papel foi cumprido!

Da era dos festivais nasceram nomes como: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Tom Zé, Elis Regina, e muitos outros! O problema da era dos festivais é que ela não nasceu sozinha! Teve uma enfadonha irmã gêmea chamada: Ditadura Militar! No transcorrer dos anos, e pelo apurado trabalho jornalístico do autor você passa a perceber como o governo acabou influenciando (essa análise é minha!) de forma dramática para a derrocada da música popular brasileira, vindo ela a se transformar no que é hoje.

Ufa! Sim, essa análise é minha, ao amordaçar os mais brilhantes compositores daquela época, bem como artistas engajados, a produção de alto nível estagnou (minha opinião) com raras exceções, passada a era dos festivais. Isso acabou refletindo na produção artística atual, e na dificuldade por formação de público segmentado em nosso território pátrio!

Veja bem, o que temos hoje é uma música de massa em larga escala! Não é ruim, mas é triste! Os festivais, de certa forma, abrangiam diferentes tendências, e com brilhantismo de composições, talvez, e aqui fica no plano astrológico das previsões, se houvesse se estendido por mais várias décadas, a situação da música popular brasileira fosse outra, enfim, nunca iremos saber!

O fato é que, ao limar grandes intérpretes e compositores, tolhendo suas vozes e censurando sua genialidade, a malfadada e enfadonha Ditadura Militar levou a música popular brasileira ao nível da alienação dando espaço vital para a mediocridade criativa. (uau!)

Tudo bem, o rock dos anos 80 salvou, em muito, os ouvidos atentos de quem gosta de boa música, mas daí veio à era Collor, e valha-me Deus! (assunto para outro texto).

A dica que fica é a seguinte, este livro é um verdadeiro achado! Não só pelas considerações feitas acima, mas principalmente pela história recente, tanto musical, quanto política e até mesmo da própria TV brasileira! Cada página, cada linha, cada momento nos remete a uma época de ouro! Onde a música era boa; onde os interpretes não eram apenas corpos bonitos, mas vozes perfeitas; e onde a arte era o que (em tese) movia essa máquina chamada música popular brasileira.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Dias de Luta

O rock e o Brasil do anos 80!


Ok! Que tal dar uma trégua para seu aparelho de cd, vinil ou mp3? Aproveite que fevereiro está chegando e adquira um pouco de conhecimento histórico sobre rock brasileiro dos anos 80! A algum tempo, mais especificamente no ano de 2002, foi publicado o livro Dias de Luta – O rock e o Brasil dos anos 80, 399 páginas, editora DBA. O autor é o crítico musical e jornalista Ricardo Alexandre.

Imagine você o que era fazer rock na década de 80, vou lhe situar: O Regime Militar (ou a ditadura para os mais íntimos) começava o período de abertura política, após uma década e meia de desmandos e barbáries! A juventude dos anos 80, em sua grande parte, nasceu e cresceu amordaçada por um sistema que lhe tolia a liberdade e toda e qualquer forma de manifestação. Neste cenário, vindo da década de sessenta e setenta, surge o rock dos anos oitenta! Bandas como Titãs, Ultraje a Rigor, Capital Inicial, Legião Urbana, Ira!, RPM, Blitz, e mais uma penca delas, explodem para todo o Brasil com uma tônica peculiar ao cenário político da época.
Se a década de sessenta pode ser considerada a “era dos festivais” os anos oitenta podem ser taxados como a “era de ouro do rock nacional”, não que os anos que se sucederam não foram importantes, mas, verdade seja dita, os anos 80 foram mágicos! Mágicos pois o rock nunca teve tão em alta como naquela época! A moda era dançar ao som da juventude! E o cheiro de mudança política que pairava no ar parecia mover os adolescentes e os incentivá-los a montar suas próprias bandas. Jamais, em outro período da história recente de nosso País se pode ver uma enxurrada de tantas bandas com qualidade (veja que botei a palavra qualidade nesta sentença!) a pipocarem em solo nacional.

A indústria fonográfica descobriu que o rock podia dar dinheiro, e, neste ponto, fez com que ele rendesse muito aos seus cofres! Infelizmente a década que se sucedeu aos anos 80 trouxe um marasmo salvo por poucas bandas de grande brilhantismo, e cenas isoladas em pontos perdidos de nosso país arrasado pelas duplas sertanejas pós era Collor.

Mas voltando ao livro! Não sei se é possível encontrar este livro para vender ainda! A muito tempo não vejo nas prateleiras das livrarias que costumo freqüentar e, confesso, quando o encontrei tratei de comprar, principalmente por ser o único exemplar a disposição! No entanto, se você gosta de rock, viveu, como eu, sua infância nos anos 80, ou já era bem crescidinho naquela época, ou, ainda, na pior das hipóteses acha que o “pogobol” é invenção do Gugu, “pense bem” é apenas uma expressão de linguagem e a “porta dos desesperados” não faz parte dos momentos mais hilários de sua tenra infância, é bom pegar este livro nas mãos e sentir a história recente da música popular brasileira, para, assim, se deliciar com fatos e fotos que só farão você compreender porque o rock dos anos 80 é tão cultuado entre críticos e entusiastas da música brasileira.

No final do livro o autor, através de critérios dele, dos quais eu discordo em vários itens, atribui notas para a discografia de inúmeras bandas, da seguinte forma:

***** - Clássico. Obrigatório em qualquer discoteca de pop brasileiro;
**** - Recomendável. Um ponto alto na carreira do artista;
*** - Digno. O artista faz o e se espera dele, sem grandes altos ou baixos;
** - Um tanto decepcionante. Abaixo de seu próprio padrão;
* - Fraco. Somente para fãs e completistas.

Enfim, o mais importante do livro não é a última parte, que, na verdade possui uma grande valia no sentido de saber qual disco está faltado para completar a discografia de sua banda preferida, isso até 2002, mas sim as histórias e fatos que levaram o rock dos anos 80 a ser o ponto alto de uma juventude que aprendeu a falar o que pensava após duas décadas de mordaça estatal.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Os Replicantes

O dia que o rock parou!



Eu realmente poderia passar horas escrevendo sobre Os Replicantes, mas para que você tenha noção do impacto causado por essa banda na minha vida vou resumir em apenas uma frase (só para começar): Replicantes mudou tanto minha forma de pensar e ver o mundo, mas, principalmente, me mostrou o que eu iria fazer pelo resto de minha vida, que, passado mais de dez anos, continuo vislumbrado com esta banda!

Pra que você entre de cara no mundo do rock, antes de mais nada, é necessário que você se identifique com, pelo menos, uma banda, ou seja, que ela traduza suas verdades no formato de extensas, ou nem tão extensas assim, canções! Quando isso acontece você se torna fã incondicional, e mais do que isso, acaba virando um verdadeiro seguidor da dita banda para o resto de sua vida! No entanto, às vezes, a banda que trouxe a luz que faltava na sua vida acaba empunhando um instrumento musical na sua mão e definindo o que você vai ser para o resto de sua breve existência terrena. Assim foi comigo, acabei me tornando músico justamente por me identificar demais com Os Replicantes, mais especificamente com o disco “Histórias de Sexo e Violência”!

O início de minha adolescência se deu em uma época onde as FMs jorravam Nirvanas, Metállicas, Ramones, entre outros tantas, mas tudo aquilo, muito embora de grande qualidade ficava distante de mais da minha realidade! Adoro todas as bandas citadas, mas, na época, nem uma me tocava o coração! Isso ocorria, principalmente, pela barreira lnguística!

Quando conheci Replicantes, dei de cara com uma banda do meu estado, 120 km de distância da minha casa, que fazia um som pra lá de diferente e com uma temática e estética alucinógena e, mais que tudo, antenada com o que eu via e queria dizer, mas não sabia como!

Eu sempre enquadrei Os Replicantes, talvez por ser muito fã, talvez por ouvir muita coisa (além deles!!!), como uma banda um patamar acima das demais do tradicional rock gaúcho (me desculpem algumas viúvas de outras bandas), mas os motivos que me levaram a fazer isso foram simples:

A banda nunca parou – mesmo com a baixa pós anos 80, com a saída de seu principal vocalista, com o fim do “bum” do rock gaúcho, Os Replicantes sempre estiveram ali! Logo ao lado! Prontos para serem ouvidos, atitude essa que é digna de bandas de verdade e que tem na música a fonte necessária para dar seguimento a sua vida independente da situação mercadológica.

As composições – me admira a abstração de algumas letras que, na verdade, são verdadeiros roteiros cinematográficos capazes de gerarem curtas-metragem no cérebro de quem as escuta; por outro lado a mescla de canções que vão desde a crítica social passando por temas do cotidiano adulto/adolescente em uma perfeita convivência pacífica e uma peculiaridade brilhante foram capaz de tornar imortais canções que ultrapassaram gerações e continuam atuais.

A reinvenção – Os Replicantes se reinventam com o passar dos anos, inovam ao tentarem juntar artes diferentes (música/vídeo), e assim abrem caminho para uma gama de seguidores, caso você não saiba o primeiro home-vídeo no Brasil é deles!

A transformação – Com a saída de Wander dos vocais, Gerbase se vê obrigado a assumir como frontman e, assim, surge um dos discos que mais respeito “Andróides Sonham Com Guitarras Elétricas” (e que acabei fazendo uma música com esse nome!!! Mas claro isso não interessa!!!) e outros que vieram atrás como o Ao Vivo e a Volta dos Que Não Foram, por fim, o retorno triunfal de Wander Wildner, sua derradeira saída e a entrada de Júlia assumindo os vocais daquela que promete ser uma faze promissora na carreira desta vintenária banda incansável.

Por obra do destino muitos dos discos de minha banda preferida e que me marcou profundamente só podem ser encontrados em vinil, e por um preço alto! Confesso, tenho alguns e me propus a pagar este preço, mas gostaria, na onda de relançamentos, ver os três primeiros discos d'Os Replicantes em CD no mercado por um breve período suficiente para que eu possa adquiri-los!

Finalizando vou deixar a discografia da banda, indicando um disco para meus nobres leitores: Go Head! Se você conseguir encontrar este CD compre! É praticamente um ao vivo em estúdio, mas para quem não tem como adquirir os primeiros este é fundamental na sua coleção!

Rock Garagem (1984, vinil, coletânea)
Rock Grande do Sul (1986, vinil, coletânea)
O Futuro é Vórtex (1986, vinil)
Histórias de Sexo e Violência (1987, vinil)
Papel de Mau (1989, vinil)
Andróides Sonham Com Guitarras Elétricas (1991, vinil)
Replicantes Ao Vivo (1996, CD)
HOT 20 - Os Replicantes (1999, CD)
A volta dos que não foram (2001, CD)
Go Ahead (2003, CD)
Os Replicantes em Teste (2004, CD)
Old School Veterans Braziliasta(2006, CD)

Só pra deixar um gostinho de quero mais: existe uma verdadeira raridade que é o compacto (capa abaixo) d'Os Replicantes! Tive a sorte de conseguir um pra mim! Mas confesso, dificilmente encosto nele com medo de acabar riscando! Coisas de colecionador! Possui quatro músicas: Nicotina, Rock Star, O Futuro é Vortex e Surfista Calhorda! Lógico, este compacto foi produzido antes do disco Rock Grande do Sul, e o que mais me impressionado para os padrões da época: de forma independente!


segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Irmãos Rocha!

Eles não são irmãos!



Ok, ok, talvez você não conheça essa banda ainda, eu disse talvez! Mas hoje é seu dia de sorte! Minha história com os Irmãos Rocha! começou mais ou menos assim: Um belo dia de verão, se não me engano, já faz muito tempo, um grande amigo meu apareceu com uma demo de uma banda cujo o nome era IRMÃOS ROCHA! sim, tudo em maiúscula e com exclamação ao final!

Bom, até aquele momento da minha vida eu achava que já havia conhecido e ouvido todo tipo de esquisitices sonoras possíveis! Com certeza eu estava errado, pois nada, até aquele ponto da minha vida, tinha me preparado para tamanha demência que iria se suceder em meu aparelho de som a muito calejado.

O CD, intitulado Bumbababum, trazia em seu bojo à homônima Bumbababum! Foi amor à primeira audição! Tempo da música 1:01, não é uma hora e um minuto é um minuto e um segundo! No estante seguinte corri atrás de novas informações sobre aquela banda de malucos que faziam músicas empolgantes com menos de minuto e meio! Felizmente encontrei o site oficial da banda e pude me deliciar com outros petardos sonoros que lá eram disponibilizados! [ http://www.irmaosrocha.com.br/site_oficial.htm ]

Na busca incessante por sons desafiadores e fora do eixo convencional das fms, me tornei um freqüentar assíduo do site da Monstros Discos (não é mercham!), e foi justamente lá que encontrei o CD oficial dos Irmãos Rocha! (pouco tempo depois de minha primeira experiência alucinógena com a banda), simplesmente intitulado “Ascensão e Queda dos Irmãos Rocha!”, não resisti e comprei, mesmo conhecendo apenas umas quatro músicas da banda, no máximo!

Foi uma compra praticamente as escuras que me rendeu bons momentos de risada e contemplação! Irmãos Rocha! é uma banda de Porto Alegre, RS, que prima pela simplicidade do rock como forma marcante de suas composições. O CD possui a incrível marca de 20 canções (mais uma escondida), sendo que a maioria delas não ultrapassa um minuto e meio de duração. O encarte acaba refletindo e complementando a obra: todo em preto e branco, uma simplicidade que beira a genialidade.

O que mais me chamou a atenção nos Irmãos Rocha! é que, como uma banda do sul, eles rompem com aquele tradicional “roquinho gaúcho”. Nada contra, mas acredito que é importante que se tenham pessoas fazendo coisas diferentes e saindo da obviedade estabelecida.

Infelizmente na minha cidade não tem onde adquirir o cd (até hoje não encontrei pra vender e acredito que isso se repita em muitos lugares de nosso vasto país) então sugiro que tentem adquiri-lo através do site da Monstros Discos!

Para lhe dar apenas uma amostra do que está por vir, caso adquira um exemplar do referido “Long Play”, vou deixar alguns trechos de duas músicas para apreciação:

Suicido na Calçada:

“Olha a diversão da gurizada
Recolhendo os pedaços na calçada
Achei um olho, tava caído no chão
Que legal! É a terceira visão!”

Meteoro37:

“Eu não tenho mais amor
Eu tenho um filme de terror
Eu não tenho mais dinheiro
Mas eu tenho o dia inteiro
Tenho um meteoro e é só
Tenho um meteoro e é só”

Ficou afim de dar uma conferida? Então passa na página da Trama (link abaixo) para escutar um pouco do que esses malucos em preto e branco são capazes de fazer!

[ http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=28939 ]

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Os Mutantes

A primeira grande epopéia rock brasileira!



Há muito tempo conheço Os Mutantes, mas a paixão pela banda demorou a surgir. Um belo dia, enquanto ainda cursava a faculdade de direito, resolvi começar a freqüentar a biblioteca de minha universidade, opa, antes que alguém pare de ler vou explicar: sem querer descobri que a biblioteca era servida de uma grande quantidade de livros sobre música, adivinha? Toda semana eu estava lá até terminar de ler o que me interessava naquela vasta variedade de títulos!

O primeiro livro que retirei, e assim obriguei a pobre bibliotecária a procurar minha amarelada ficha de inscrição junto ao cadastro da biblioteca, foi: “A Divina Comédia Dos Mutantes” de Carlos Calado, publicado pela Editora 34. Hoje o livro está na segunda edição (1996), primeira reimpressão (2006).

A paixão escancarada pela banda veio ao final do livro! E é justamente este livro (que tenho e não empresto! Não me pergunte o porquê!) que gostaria de indicar! Graças a uma reimpressão, o livro que estava esgotado voltou a ser publicado. Isso, claro, em função da volta da banda em sua formação, digamos, quase original.

Entre a segunda edição e a reimpressão o livro encolheu! Sim, o tamanho diminui, mas o conteúdo é exatamente o mesmo, e neste ponto acho que merecia uma certa atualização por parte do autor (não sei se ele está vivo mas espero que sim!), uma vez que o último capítulo data de 1995, e, se quer, havia sido lançado o disco tecnicolor, a muito perdido nos arquivos da Polydor, que dizer da volta da banda então!

O que mais chama a atenção, entre as mais de 350 páginas de informação, foi à busca incessante por informações relevantes para que o leitor possa se deliciar ao ir acompanhando a infância do trio, passando por trabalhos anteriores à banda, o derradeiro início dos mutantes, conflitos internos, entrada e saída de componentes, até o primeiro final sepulcral, e, por fim, posteriores tentativas frustras de reencontro. Tudo isso para que se possa entender o que levou Os Mutantes a serem a primeira grande banda de rock nacional.

É uma obra tão bem feita, talvez sem precedentes na literatura especializada, que ao final você sente como se Arnaldo, Sérgio e Rita fizessem parte de sua vida desde o momento de sua própria concepção! Suas histórias acabam se fundindo com você e, então, a paixão por Mutantes está sacramentada em seu coração!

Convêm salientar que o livro nos mostra não apenas a história da banda, mas os frutos que esta teve ao longo de sua carreira. Apenas para citar algumas das personalidades que surgiram do convívio junto aos Mutantes e que você poderia se surpreender: Lulu Santos e Lobão. Hoje, Os Mutantes continuam sendo referência para muitos artistas, não só no âmbito nacional mas internacional também, fato este que atribuo a abrangência de estilos encontrada em sua discografia (do rock tradicional ao progressivo passando pelo lisérgico).

Oficialmente Os Mutantes tiveram nove discos lançados:

Os Mutantes (Polydor, 1968)
Mutantes (Polydor, 1969)
A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado (Polydor, 1970)
Tecnicolor (Polydor, 1970, lançado em 1999)
Jardim Elétrico (Polydor, 1971)
Mutantes e Seus Cometas No País do Baurets (Polydor, 1972)
O A e o Z (Philips, 1973, lançado em 1992)
Tudo Foi Feito Pelo Sol (Som Livre, 1974)
Ao Vivo (Som Livre, 1976)

Claro que ao ler o livro você perceberá uma gama enorme de singles e trabalhos anteriores que, dado a dificuldade na reedição dos mesmos, tornaram-se peças de colecionadores afortunados.

Mas a boa notícia, além da reedição do livro, fica por conta da reedição de TODOS, sim, todos os trabalhos fonográficos lançados pela banda! Tudo em função da volta da mesma que, infelizmente, já demonstram sinais latentes de um possível e provável novo fim. Entre esses discos, passíveis de serem adquiridos, eu ouso indicar estes: A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado; Jardim Elétrico; Mutantes e Seus Cometas No País do Baurets e o LP; O A e o Z. Para mim estas são as obras primas da melhor faze da banda!

Mas não fique ai sentado! Corra já para uma livraria e garanta seu exemplar de “A Divina Comédia dos Mutantes”, aproveite o embalo e visite a loja de discos mais próxima e trate de garantir seus exemplares fonográficos antes que só lhe reste lamentar, ou esperar a próxima volta triunfante de uma das bandas de rock mais significativas e influentes de todos os tempos do cenário efervescente nacional!