segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A Era Dos Festivais

Uma Parábola

Confesso! Andei sumido! Mas antes de mais nada explico: em função do excesso de trabalho somado ao desespero para encerrar as músicas que fazem parte do segundo CD da minha banda e aprontar tudo para finalizar o projeto de financiamento, o blog teve que ser deixado de lado.

Por este desleixo pensei que deveria indicar alguma coisa de valor super relevante na formação musical de quem aqui adentra em busca de conhecimento (fala sério!). Na semana retrasada terminei de ler o livro A Era Dos Festivais de Zuza Homem de Mello, publicado pela editora 34. Vamos combinar que com esse nome o cara merece respeito, no mínimo!

No início da década de sessenta até o início da década de setenta o Brasil viveu um momento de verdadeiro fervilhamento (será que inventei uma palavra ou meu word não conhece mesmo?) cultura. Esse período foi conhecido como a “era dos festivais”. Explicando: nesta época as proeminentes emissoras de TV (que passaria a mudar seu papel na sociedade) descobriram um viés lucrativo e eficaz na já instaurada guerra por audiência!

Veja bem, essa guerra por audiência não era a nível nacional como é hoje! Digamos que seria uma guerrinha por audiência local! (estamos na década de sessenta!) Voltando, através de um idealizador (você vai ter que ler o livro!) se trouxe para o Brasil o formato dos festivais de música, os quais prometiam revelar novos talentos músicas, e esse papel foi cumprido!

Da era dos festivais nasceram nomes como: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Tom Zé, Elis Regina, e muitos outros! O problema da era dos festivais é que ela não nasceu sozinha! Teve uma enfadonha irmã gêmea chamada: Ditadura Militar! No transcorrer dos anos, e pelo apurado trabalho jornalístico do autor você passa a perceber como o governo acabou influenciando (essa análise é minha!) de forma dramática para a derrocada da música popular brasileira, vindo ela a se transformar no que é hoje.

Ufa! Sim, essa análise é minha, ao amordaçar os mais brilhantes compositores daquela época, bem como artistas engajados, a produção de alto nível estagnou (minha opinião) com raras exceções, passada a era dos festivais. Isso acabou refletindo na produção artística atual, e na dificuldade por formação de público segmentado em nosso território pátrio!

Veja bem, o que temos hoje é uma música de massa em larga escala! Não é ruim, mas é triste! Os festivais, de certa forma, abrangiam diferentes tendências, e com brilhantismo de composições, talvez, e aqui fica no plano astrológico das previsões, se houvesse se estendido por mais várias décadas, a situação da música popular brasileira fosse outra, enfim, nunca iremos saber!

O fato é que, ao limar grandes intérpretes e compositores, tolhendo suas vozes e censurando sua genialidade, a malfadada e enfadonha Ditadura Militar levou a música popular brasileira ao nível da alienação dando espaço vital para a mediocridade criativa. (uau!)

Tudo bem, o rock dos anos 80 salvou, em muito, os ouvidos atentos de quem gosta de boa música, mas daí veio à era Collor, e valha-me Deus! (assunto para outro texto).

A dica que fica é a seguinte, este livro é um verdadeiro achado! Não só pelas considerações feitas acima, mas principalmente pela história recente, tanto musical, quanto política e até mesmo da própria TV brasileira! Cada página, cada linha, cada momento nos remete a uma época de ouro! Onde a música era boa; onde os interpretes não eram apenas corpos bonitos, mas vozes perfeitas; e onde a arte era o que (em tese) movia essa máquina chamada música popular brasileira.

2 comentários:

Sibyl disse...


Prefiro nem pensar em quantos futuros políticos decentes foram mortos na ditadura...

Pubby Star disse...

É verdade! Alias, prefiro nem pensar em quantas pessoas deram a vida em prol de um ideal, seja ele de qual lado for! Esse é o problema de qualquer regime totalitário! Quando não se sabe respeitar a diferença o que resta é a violência!